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Z.O. Sem Fome: 2021 vs 2025: do Mapa da Fome à saída oficial. 

  • Foto do escritor: IPPÊ - Instituto Para periferias
    IPPÊ - Instituto Para periferias
  • 15 de out.
  • 2 min de leitura

O Z.O. Sem Fome é um dos nossos projetos no Instituto para Periferias (IPPÊ) e integra a série Sementes da Informação, que tem como objetivo reunir e divulgar os dados produzidos pelos nossos territórios. A iniciativa surgiu em 2021, em meio à pandemia de Covid-19, quando o Brasil havia voltado ao Mapa da Fome, segundo relatório da ONU daquele ano.

Naquele momento, a fome voltou a bater à porta de milhões de famílias e, diante do descaso das políticas públicas, as periferias se organizaram para agir. Assim nasceu o Z.O. Sem Fome uma articulação popular formada por coletivos, lideranças e organizações da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que se uniram para garantir o básico: o direito à alimentação.

Nosso projeto atuou em diferentes territórios da Zona Oeste (Bangu, Nova Sepetiba, Santa Cruz, Campo Grande e Padre Miguel) articulando redes solidárias,  mapeando famílias em situação de vulnerabilidade e construindo dados sobre a fome e seus impactos nas comunidades.


O gênero da fome

A pesquisa do Z.O. Sem Fome revelou que a fome tem gênero. Entre as 151 pessoas entrevistadas, 70,9% se identificaram como mulher cisgênero e 21,2% como mulher transexual. Esses números mostram que as mulheres são as mais atingidas pela insegurança alimentar, sendo, ao mesmo tempo, as principais responsáveis por garantir o sustento e o cuidado das famílias.

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Fome e identidade racial

Os dados também mostram que a fome tem cor. Entre as 151 respostas, 46% das pessoas se declararam pretas e 41,6% pardas. Esses números reforçam que a luta contra a fome é também uma luta antirracista, já que a população negra é a mais afetada pelos efeitos históricos da desigualdade social e do racismo estrutural.

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O impacto da precarização do trabalho

A falta de emprego e renda é uma das principais causas da insegurança alimentar. Segundo o levantamento, 78,3% dos participantes da pesquisa não tinham nenhum empregado em suas casas. Esse dado reforça a importância de políticas públicas que gerem trabalho, renda e inclusão produtiva nos territórios periféricos.

Hoje, vivemos um novo cenário: o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome, e milhões de pessoas estão cadastradas em programas de assistência social como o Bolsa Família e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Essas conquistas só foram possíveis porque a sociedade civil se mobilizou  para encarar a fome e conscientizar politicamente as periferias Experiências como o Z.O. Sem Fome mostram o poder da organização popular.

No IPPÊ, acreditamos que instituições, coletivos e movimentos precisam caminhar juntos. Transformamos dados em ação e ação em incidência, porque sabemos que a fome é uma questão política  e enfrentá-la é parte da construção de um país mais justo.

Enquanto parte do país discute anistias e blindagens políticas, nós seguimos lembrando o que aconteceu em 2021: a fome não espera, e o povo periférico não se cala.


O Z.O. Sem Fome segue como uma referência viva de solidariedade e soberania popular, e seus dados agora sistematizados pelo Sementes da Informação continuam a nos orientar para que o direito à alimentação nunca mais seja negado.

 
 
 

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